Para Steiner (2000) ¹ livre é coisa que existe e age apenas segundo uma causa ordenadora situada dentro de si, diferentemente daquela que é obrigada a existir e atuar de maneira fixa e precisa por uma causa fora de si. É o que afirma o autor, representando a distinção entre uma pedra e Deus, quando situa a pedra em uma movimentação condicionada por causa externa (alguém que a move, a chuta, a joga, etc.) e Deus como aquele que tem em si uma causa interna de sua própria natureza. Diz Steiner, que se a pedra acreditasse mover-se porque quer “Essa é justamente aquela liberdade humana que todos asseguram possuir, que apenas surge porque os homens são conscientes de seus desejos, mas nada sabem das verdadeiras causas pelas quais são movidos.” (p. 5)
Diante de tal esclarecimento, determina Steiner (2000) que uma ação não pode ser livre se o agente não sabe porque a executa. E propõe o questionamento da origem e da importância do pensar, para que se conheça a ação humana. “Ficará cada vez mais claro que uma solução para o problema do agir humano pressupõe a investigação da questão da origem do pensar. Dedicar-me-ei, por conseguinte, a essa pergunta.” (p. 8).
Welburn (2005) ² apresenta que a liberdade para Steiner está relacionada a um ato de consciência individual, orientado pela tarefa de repensar sobre nós mesmos em denominada “atividade espiritual” de modo a assegurar nossa própria liberdade. E que essa atividade consciente deve perpassar os processos de auto compreensão e autodesenvolvimento, tendo em vista que o conhecimento está relacionado intimamente à liberdade moral, sendo possível acessar as raízes dos problemas para a ecologia do conhecimento. Acessar as raízes dos problemas evita crises sendo adiadas que possam pairar sobre nós. “[…] podemos ser livres dentro das tensões e das contradições da modernidade, livres para preencher nosso potencial ao encontrar seus desafios. (p. 14)
A importância de conduzir o olhar para dentro, está posta por Steiner (2013) ³ quando o autor afirma que a ciência conduziu o homem para o conhecimento da natureza exterior, distanciando-se da própria essência humana. É exemplo da estatística, diz ele: “Por meio da estatística podemos captar cientificamente o ser humano, mas não penetramos em sua essência.” (p. 23) E tendo em vista, que para ele, o ser humano liga-se continuamente às coisas do mundo por meio do corpo, alma e espírito, propõe ele que essas três dimensões sejam desenvolvidas conscientemente.
Sua proposta de educação contempla aspectos de sua teoria filosófica, e é dividida em três principais faixas etárias do ser humano em crescimento, compondo a ideia de desenvolvimento consciente de si e do mundo, com intenção e criatividade. Compreendo essa relação entre educação e liberdade na teoria de Steiner, a partir de sua filosofia antroposófica, que perpassa as ideias até aqui contidas sobre liberdade e que se apresenta com objetivo de penetrar na essência humana. Este alinhamento a uma proposta de educação para o desenvolvimento de suas ideias, tem como preocupação essencial e questão que deve ser lembrada “O que é preciso acontecer para que a pedagogia adquira novamente um coração?” (STEINER, 2013, p. 30) ³
Referências:
¹ STEINER, R. A Filosofia da liberdade. Tradução de Marcelo da Veiga. São Paulo: Antroposófica, 2000.
² WELBURN, A. J. A filosofia de Rudolf Steiner e a crise do pensamento contemporâneo. Tradução de Elaine Alves Trindade. São Paulo: Madras, 2005.
³ STEINER, R. A prática pedagógica. Tradução de Christa Glass. 2. Ed. São Paulo: Antroposófica, 2013.
コメント